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Extraído do texto de Amaral, Andrea
arte educador |
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RESUMO: O Interar-te é um programa
educativo que está sendo desenvolvido no Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo, sede Ibirapuera,
desde outubro de 2006, e visa aproximar as exposições em cartaz
no Museu de modo lúdico, acolhedor e educativo, ao público
espontâneo familiar que busca no Parque Ibirapuera, aos finais
de semana, atividades de lazer. Refletir sobre o perfil do
público que norteou a criação de um programa dessa natureza e
sua pertinência, no conjunto de ações oferecidas pela Divisão
Técnico-científica de Educação e |
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Arte do Museu, é o objetivo da
comunicação,que está sendo alimentada conceitualmente por
considerações sobre “cidade educadora”, o papel da educação não
formal (o museu) e da informal (a família), na constituição do
repertório cultural dos cidadãos. A partir da avaliação dos
resultados desse primeiro ano do Interar-te alguns desafios
serão apresentados e discutidos. Como o programa pode contribuir
para a formação de público visitante de museus? É possível
integrar faixas etárias tão diferentes numa atividade comum – do
público infanto-juvenil (5 |
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aos 17 anos) à de seus acompanhantes
(pais, tios, avós, etc.) ? “Existem várias maneiras de aprender
as coisas. A mais convencional delas é a do discurso pedagógico,
a fala organizada que pretende nos ensinar o que precisamos
saber. Mas aquela que nos marca de modo mais profundo e
duradouro é sempre a da observação do gesto do outro, o exemplo
do qual somos testemunhas e cujo significado reconhecemos
visceralmente”.(Carlos Diegues2. Folha de S. Paulo, sobre Quase
Tudo, livro de Danuza Leão) |
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Atividade “Especial com o artista
Carlos Delfino” – “A partir de comentários sobre sua trajetória,
dos muros da cidade aos espaços ocupados por infláveis, o
artista Carlos Delfino irá desenvolver um inflável com os
participantes.” No espaço expositivo os grupos podem realizar
jogos ou atividades que serão recuperadas no momento da proposta
a ser realizada no ateliê do Museu . Um diferencial do programa
é contemplar pessoas em faixas etárias tão diferentes tivemos,
até então, público de 4 a 17 anos, acompanhado por pais, irmãos,
vizinhos, tios e avós. O Programa também vem aproximando as
famílias |
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de funcionários e prestadores de
serviços ao Museu: dois educadores, duas secretárias, uma
analista acadêmica, uma curadora convidada, o próprio artista
Carlos Delfino, uma segurança e uma auxiliar de limpeza,
trouxeram familiares para participarem da oficina. “Quando
chegou em casa, ele contou tudo pro pai dele, disse que não
queria mais ser bombeiro, queria ser artista. Contou até como
era onde o artista pintava, que tinha moldura para pendurar no
museu. O pai achou importante ele voltar sempre. Quer até
colocar a pintura dele num quadro na |
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parede.” (Depoimento de Cristiane,7
funcionária de empresa de limpeza prestadora de serviços ao
Museu, mãe de Cristiano, 8 anos.) Outra funcionária registrou,
na avaliação que os visitantes preenchem, ao final das
atividades, como Agda, analista acadêmica, mãe da Sofia, 5 anos:
(pergunta) A atividade pode estimular o interesse pelas obras de
arte? (resposta) Sim, prova disso é que mesmo antes de terminar,
minha filha já perguntou se poderá voltar. (pergunta) Você
gostou de tê-la acompanhado? Acha isso importante? (resposta)
Sim, gostei e pretendo fazê-lo muitas vezes. Acho importante
esse estímulo desde cedo. |
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Algumas famílias retornaram ao Museu
para participar do Programa (24%), outras vieram por indicação
de conhecidos (26%). Do total de público deste período (127
crianças e jovens de 4 a 17 anos, 72 adultos acompanhantes, em
55 grupos considerados familiares) , 64 % nunca havia visitado o
MAC USP. As conversas sobre as obras têm sido frutíferas (e
gratificantes) em relação à formação de público fruidor de arte
contemporânea. Um exemplo é o registro de uma conversa
espontânea sobre uma obra que não fazia parte da programação,
mas que despertou o |
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interesse das crianças durante uma das
oficinas. Conversa com Luísa (6 anos) na exposição: (Luísa) Aqui
tem arte com umas coisas estranhas (Educadora) Pois é, e o
artista pode fazer arte com estes materiais diferentes? (Luísa)
Ah, ele tem uma idéia. Aí ele faz do jeito que ele acha melhor,
né. Prá aquele ali dou o nome de plástica ! (Apontando uma das
obras de Sérgio Romagnolo.) A aproximação da arte contemporânea
tem sido propiciada, nesse Programa, não só pela aproximação dos
procedimentos utilizados em algumas obras e pelos processos de
criação dos |
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artistas, através das estratégias
educativas, mas pelo contato com artistas, curadores e equipe
técnica do Museu, pessoas ligadas em maior ou menor grau ao
sistema das Artes. Para encerrar, enfatizamos nosso desejo de
que os pequenos gestos dos pais e adultos na educação de “seus
filhos” sejam multiplicados. É na formação, a longo prazo, que o
Interar-te aposta. Como medir os resultados? Nem sempre teremos
como fazê-lo de imediato, mas apostamos na reverberação desta
ação! |
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